segunda-feira, 3 de março de 2014

Tremores


Deito-me ao teu lado e meus dedos se desmoronam.
Já não têm onde morar, esconsos e sozinhos, no cós da tua calça.
Sinto o tremor do teu corpo, o zíper abrindo fendas num terremoto. O mundo se agita. A calça se parte. Minhas mãos são agora como fios de água sugados pela fenda na terra e entram pelos tecidos de poliamida e algodão. Minha boca te esconde em porões à prova de sismo: o teu corpo treme, as ondas se espalham. Pobre homem, não te assusta... a minha saliva te queima, mas minha língua te acalma: a minha boca é só um vulcão ao contrário. Toma essas pétalas escondidas no bojo dos meus seios: eu só queria que o teu mundo fosse tenro. E fosse calmo.


Alice Ruiz

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